segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

CAIXA CULTURAL SALVADOR: MOSTRA AS MARCAS DA ALMA

No dia 28 de novembro, houve um passeio de Alunos do JATD para uma exposição na CAIXA Cultural Salvador, que comemorava o mês da Consciência Negra, com uma viagem pela cultura afro-brasileira

A CAIXA Cultural Salvador apresentou a exposição “Marcas da Alma: uma viagem pela cultura afro-brasileira através das marcas corporais”. Composta por 60 peças arqueológicas, 10 fotografias e duas montagens cenográficas, que resgatam importantes períodos da diáspora africana no Brasil, a mostra ficou em cartaz até 8 de dezembro, com patrocínio da Caixa Econômica Federal e entrada franca.

As fotografias de autoria de Cristiano Jr., pertencentes ao acervo Noronha Santos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), trazem registros preciosos das etnias africanas e suas marcas corporais, usadas para identificação do grupo. Um raro registro desse período e desses homens e mulheres.

As peças arqueológicas, formadas por cerâmicas e cachimbos, figuras votivas e estátuas, são originárias do sítio São Francisco, na cidade de São Sebastião (SP). As peças, reconstruídas e restauradas, são de propriedade da Fundação Cultural de São Sebastião.

A exposição era complementada por espaços cênicos, iluminação e sonorização especiais, nos quais os objetos e fotografias estão inseridos, que contam a história dessas marcas culturais. desde a origem, na África, até o Brasil, por intermédio de marcas corporais. Para compor a cenografia da mostra, dois ambientes foram montados na Galeria, um deles faz referência ao bairro de São Sebastião e o outro reproduz uma cozinha colonial, local de utilização das cerâmicas.

A mostra fez com que o visitante entre no mundo da arqueologia, envolvendo uma das mais interessantes coleções brasileiras, fundamental para nossa identidade cultural, com referência às nossas raízes africanas. Nas cerâmicas, produzidas no porto dos escravos de São Sebastião, os africanos recém-chegados deixavam suas marcas de identidade nas decorações, garantindo sua perpetuação. Essas marcas, de algum modo, se relacionaram com o surgimento das marcas corporais realizadas no âmbito das religiões afro-brasileiras, sobretudo no candomblé – em suas diversas vertentes.

De acordo com Wagner Bornal, curador da exposição “Sagrado e profano, vida espiritual e vida material, o tangível e o simbólico, são indissociáveis nesse universo cultural. As marcas que simbolizam forças primais, energias, histórias, e que transformam a materialidade quando inseridas. O suporte dessas marcas, o vetor dessas transformações de energias, memórias, em matéria, podiam ser os corpos, mas também o barro”.

Sítio São Francisco:

No final dos anos de 1980, o arqueólogo Wagner Bornal iniciou uma escavações no Sítio São Francisco e se deparou com uma imensa coleção de objetos cerâmicos – potes, panelas, farinheiras, cachimbos etc. – adornados com as mesmas marcas corporais que identificavam os africanos aqui chegados. Ao longo de 20 anos, o Sítio foi meticulosamente escavado, tornando-se um dos sítios arqueológicos com uma das mais consistentes pesquisas que temos.

Com base nesse trabalho, foi possível interpretar um pouco a trajetória do local: antiga fazenda de açúcar, de proprietários portugueses, que depois se tornou fazenda de café. Por décadas foi local de recepção de uma grande população de escravos, desproporcional para o tamanho da estrutura produtiva da região. Ou seja, muitos escravos para tão poucas fornalhas, tantas senzalas para uma área tão cheia de restrições à agricultura.

Para onde foram esses escravos? Seria São Francisco um ponto de tráfico ilegal de escravos? Ponto de passagem para os sertões da América? As perguntas ficaram no ar. E a exposição traz de volta essas questões.
 
“Marcas da Alma: uma viagem pela cultura afro-brasileira através das marcas corporais”

fotos: Prof. Valmar Oliveira


























































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